Cientistas
reunidos para um simpósio sobre um assunto relevante para a
humanidade: fotos revelavam novos espécimes flagrados em situações
no mínimo inusitadas. Paleontólogos datam os primeiros exemplares
com 60 milhões de anos, Andalgalornis
steullionatus,
predadores vorazes do erário. Evoluíram chegando a Cathartiformes
não-catárticos, Accipintriformes espoliaturious, Falconiformes
desviatudus, Stringiformes sonegatudus.
As
descobertas detalham os hábitos do Uruporcos expertus
um raça híbrida do cruzamentos dos Coragups atratus (do
grego, korax=corvo, gups=abutre e do latim atratus=vestido de
preto,luto) com os Sus
domesticus.
Seu
habitat são os currais eleitorais onde vivem brincando na lama.
Segundo
os estudos os ciclos migratórios variam. A cada 4 anos as revoadas
se dispersam nas cidades espalhando muitos papéis pelo chão,
cavaletes pelas ruas e se envolvem em intensas disputas territoriais
para se apropriarem da carcaça municipal ou estadual. Usam seus
passos de urubu malandro para bambolear e chamar a atenção em
palanques, rádio e televisão.
Há
também ciclos curtos de migração da espécie nas quais elas saem
dos currais eleitorais e batem asas para o distrito federal. Chegam
aos bandos e aos brados para se alojarem em apartamentos funcionais.
Uruporcos
são insaciáveis, recebem auxílio paletó para vôos com elegância.
Para manter a espessa camada de gordura, suas presas favoritas são
caviar, queijo brie ou Pule, champagne Krug
Clos d’Ambonnay
com 100% de uvas Pinot Noir , vinho Hermitage
La Chapelle 1961. Adoram retocar as plumagens alguns com tons acaju e
outros com preto graúna.
Facilmente
dominam os Anseriformes, vulgo marrecos e os Galliformes, jacus. São
relações ecológicas de colonelismo, clientelismo, esclavagismo,
parasitismo, chegando a casos extremos de amensalismo educacional (o
que impede em alguns estados de se questionar e se desenvolver) e
predação do recurso público. Seu principal mecanismo de defesa são
as égides dos habeas corpus, foros privilegiados e advogados
criminalistas do mais alto gabarito.
É
lindo apreciar uma revoada de Uruporcos em seus carros pretos
passando pelas asas Norte e Sul. Admirável. Em dias quentes, pousam
nas margens dos rios e lagos (Paranoá, principalmente) para beber
água e resfriar as pernas para acertar conchaves e lobbies ou
receber propinas.
Nos
outros poderes em protocooperação estão os Gaviões
sanguessugas donos de
um saber político, econômico e controle de gastos do maior
gabarito. Habitam nos covis e surgem para propagandear que promovem
justiça social e inclusão enquanto se apropriam dos recursos e
instituições para se perpetuarem eternamente no poder executivo.
No
complexo ecossistema descoberto pelos cientistas, há as Corujas
paquidérmicas
responsáveis por julgar Gaviões e Uruporcos. São processos muito
ágeis e pouco burocráticos quase como nos casos dos marrecos e
jacus. Em geral, são processos encerrados por prescrição ou
esquecimento dos marrecos ou mal-informação dos jacus.
Todos
defendem as Águias Leões Tubarões financiadoras das migrações
sazonais para os currais e zonas (prostibulares) eleitorais. Estes se
alimentam da corrupção nos países e economias em decomposição.
Fato
é que os Gaviões adoram deixar seu legado em placas e obras nas
quais convidam jacus e marrecos para admirar inaugurações. Já
Uruporcos amam fazer ninhos em árvores mortas. Há sempre “Filho”,
“Neto”, irmãos, cunhados, sobrinhos cuidando do emporcalhamento
chiqueiral. Eles migram com sucesso para defender o ecossistema do
país com muito valor, vigor e honestidade.
Uruporcos
são desconfiados, comportamento estudado pelos biólogos e
psicólogos, pois é de se estranhar já que sempre agem eticamente.
Mas não abrem mão (ainda não há artigos sobre o assunto) de seus
Uruporcos comissionados para ajudarem nas caças para ordem e
progresso nacionais. É muito comum apreciar uma equipe de
comissionados em formação 'V' nas jornadas mais longas.
Uma
sessão urusuína é divertidíssima, a revoada se atropela em
discursos atabalhoados enquanto a mesa diretora coloca pautas em cima
da hora para votar os rumos da população (apesar de estudos
recentes de ciência uru-política demonstrarem que há ligeiramente
um favorecimento do interesse aquilino leonino tubaronês).
Marrecos
exploradus se preocupam com a escassez de atividade ecônomica, a
dificuldade de tratar dos filhotes, dos bicos e das gripes, porém os
Gaviões e Uruporcos dizem a cada 4 anos de modo metódico e
eloqüente que Saúde e Educação são prioridade de governo. Não
há no mundo marrequino quem duvide da boa intenção de ambas
ilustríssimas e excelentíssimas espécimes.
Espantosa
foi a recente descoberta dos cientistas que com sofisticados
aparelhos de escuta e cruzamento de dados encontraram indícios que
vários Uruporcos, Gaviões e Corujas praticavam delitos. Chocante e
inédito! Aliás, os únicos predadores conhecidos dos Uruporcos são
as Sucuris amarelas policias federalis.
A
alta cúpula urubu-suína arquitetou muitos planos para parecer que
queriam endireitar as contas e amenizar a vida sofrida de Jacus e
Marrecos. Mas sem piorar não há como garantir o sustento de clãs
mais poderosos daqui 4 anos nos currais com troca de Uruporcos por
Tucanos ricallis ou Galinhas
Raposas paralamentaris.
“Tucano
bom é empalhado” diz um ditado ecologicamente incorreto. “Galinha
raposa não sai do muro” diz
um outro e a crença popular é que bota ovos de ouro. Todos
envolvidos procurando proteção. A mídia jacu é pouco tendenciosa
e faz uma cobertura imparcial de todos os envolvidos em casos de
desvio de recursos.
Um
outro hábito dos animais analisados é o “Allopreening”.
Eles executam a limpeza de outro indivíduo do clã partido aliado
(grupo social) cujos motivos reconhecidos pelos biólogos foram:
apadrinhamento, posicionamento hierárquico, indicação em
ministérios e autarquias, toma-lá dá-cá, ajuda com cobertura de
casos de corrupção.
A
luta está em aberto, o país pelos ares, desconfiança e medo se
espalhando como os aquilinos leoninos tubarões mais gostam para
aproveitar rendimentos financeiros para não investirem nada e
lucrarem muito. Quem pagará o Pato? Marrecos perdidos e Jacus
descrentes se preparam. E continuamos sempre voando para sermos
presas dos carniceiros.