domingo, 9 de agosto de 2015

Congresso

Cientistas reunidos para um simpósio sobre um assunto relevante para a humanidade: fotos revelavam novos espécimes flagrados em situações no mínimo inusitadas. Paleontólogos datam os primeiros exemplares com 60 milhões de anos, Andalgalornis steullionatus, predadores vorazes do erário. Evoluíram chegando a Cathartiformes não-catárticos, Accipintriformes espoliaturious, Falconiformes desviatudus, Stringiformes sonegatudus.
As descobertas detalham os hábitos do Uruporcos expertus um raça híbrida do cruzamentos dos Coragups atratus (do grego, korax=corvo, gups=abutre e do latim atratus=vestido de preto,luto) com os Sus domesticus.
Seu habitat são os currais eleitorais onde vivem brincando na lama. Segundo os estudos os ciclos migratórios variam. A cada 4 anos as revoadas se dispersam nas cidades espalhando muitos papéis pelo chão, cavaletes pelas ruas e se envolvem em intensas disputas territoriais para se apropriarem da carcaça municipal ou estadual. Usam seus passos de urubu malandro para bambolear e chamar a atenção em palanques, rádio e televisão.
Há também ciclos curtos de migração da espécie nas quais elas saem dos currais eleitorais e batem asas para o distrito federal. Chegam aos bandos e aos brados para se alojarem em apartamentos funcionais.
Uruporcos são insaciáveis, recebem auxílio paletó para vôos com elegância. Para manter a espessa camada de gordura, suas presas favoritas são caviar, queijo brie ou Pule, champagne Krug Clos d’Ambonnay com 100% de uvas Pinot Noir , vinho Hermitage La Chapelle 1961. Adoram retocar as plumagens alguns com tons acaju e outros com preto graúna.
Facilmente dominam os Anseriformes, vulgo marrecos e os Galliformes, jacus. São relações ecológicas de colonelismo, clientelismo, esclavagismo, parasitismo, chegando a casos extremos de amensalismo educacional (o que impede em alguns estados de se questionar e se desenvolver) e predação do recurso público. Seu principal mecanismo de defesa são as égides dos habeas corpus, foros privilegiados e advogados criminalistas do mais alto gabarito.
É lindo apreciar uma revoada de Uruporcos em seus carros pretos passando pelas asas Norte e Sul. Admirável. Em dias quentes, pousam nas margens dos rios e lagos (Paranoá, principalmente) para beber água e resfriar as pernas para acertar conchaves e lobbies ou receber propinas.
Nos outros poderes em protocooperação estão os Gaviões sanguessugas donos de um saber político, econômico e controle de gastos do maior gabarito. Habitam nos covis e surgem para propagandear que promovem justiça social e inclusão enquanto se apropriam dos recursos e instituições para se perpetuarem eternamente no poder executivo.
No complexo ecossistema descoberto pelos cientistas, há as Corujas paquidérmicas responsáveis por julgar Gaviões e Uruporcos. São processos muito ágeis e pouco burocráticos quase como nos casos dos marrecos e jacus. Em geral, são processos encerrados por prescrição ou esquecimento dos marrecos ou mal-informação dos jacus.
Todos defendem as Águias Leões Tubarões financiadoras das migrações sazonais para os currais e zonas (prostibulares) eleitorais. Estes se alimentam da corrupção nos países e economias em decomposição.
Fato é que os Gaviões adoram deixar seu legado em placas e obras nas quais convidam jacus e marrecos para admirar inaugurações. Já Uruporcos amam fazer ninhos em árvores mortas. Há sempre “Filho”, “Neto”, irmãos, cunhados, sobrinhos cuidando do emporcalhamento chiqueiral. Eles migram com sucesso para defender o ecossistema do país com muito valor, vigor e honestidade.
Uruporcos são desconfiados, comportamento estudado pelos biólogos e psicólogos, pois é de se estranhar já que sempre agem eticamente. Mas não abrem mão (ainda não há artigos sobre o assunto) de seus Uruporcos comissionados para ajudarem nas caças para ordem e progresso nacionais. É muito comum apreciar uma equipe de comissionados em formação 'V' nas jornadas mais longas.
Uma sessão urusuína é divertidíssima, a revoada se atropela em discursos atabalhoados enquanto a mesa diretora coloca pautas em cima da hora para votar os rumos da população (apesar de estudos recentes de ciência uru-política demonstrarem que há ligeiramente um favorecimento do interesse aquilino leonino tubaronês).
Marrecos exploradus se preocupam com a escassez de atividade ecônomica, a dificuldade de tratar dos filhotes, dos bicos e das gripes, porém os Gaviões e Uruporcos dizem a cada 4 anos de modo metódico e eloqüente que Saúde e Educação são prioridade de governo. Não há no mundo marrequino quem duvide da boa intenção de ambas ilustríssimas e excelentíssimas espécimes.
Espantosa foi a recente descoberta dos cientistas que com sofisticados aparelhos de escuta e cruzamento de dados encontraram indícios que vários Uruporcos, Gaviões e Corujas praticavam delitos. Chocante e inédito! Aliás, os únicos predadores conhecidos dos Uruporcos são as Sucuris amarelas policias federalis.
A alta cúpula urubu-suína arquitetou muitos planos para parecer que queriam endireitar as contas e amenizar a vida sofrida de Jacus e Marrecos. Mas sem piorar não há como garantir o sustento de clãs mais poderosos daqui 4 anos nos currais com troca de Uruporcos por Tucanos ricallis ou Galinhas Raposas paralamentaris.
“Tucano bom é empalhado” diz um ditado ecologicamente incorreto. “Galinha raposa não sai do muro” diz um outro e a crença popular é que bota ovos de ouro. Todos envolvidos procurando proteção. A mídia jacu é pouco tendenciosa e faz uma cobertura imparcial de todos os envolvidos em casos de desvio de recursos.
Um outro hábito dos animais analisados é o “Allopreening”. Eles executam a limpeza de outro indivíduo do clã partido aliado (grupo social) cujos motivos reconhecidos pelos biólogos foram: apadrinhamento, posicionamento hierárquico, indicação em ministérios e autarquias, toma-lá dá-cá, ajuda com cobertura de casos de corrupção.

A luta está em aberto, o país pelos ares, desconfiança e medo se espalhando como os aquilinos leoninos tubarões mais gostam para aproveitar rendimentos financeiros para não investirem nada e lucrarem muito. Quem pagará o Pato? Marrecos perdidos e Jacus descrentes se preparam. E continuamos sempre voando para sermos presas dos carniceiros.

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